Celular em mãos, sorriso cativante e um olhar aguçado sobre as peças de moda produzidas no Polo de Confecções do Agreste. Mari França, 30, caminha pela estrutura do Moda Center Santa Cruz atenta às roupas que têm tudo para fazer sucesso entre os clientes, não só pela qualidade dos produtos, mas também pelo preço acessível característico da região. Mari é uma das influenciadoras digitais que ganham seguidores e parceiros comerciais; esses comemoraram a exposição de suas peças nas redes sociais.
Natural do próprio município de Santa Cruz do Capibaribe, Mari chegou a administrar uma loja de roupas em 2010. Antes disso, teve a experiência de atuar como vendedora em um empreendimento da localidade. “Sempre tinha que pesquisar sobre moda para saber o que era tendência e o que o cliente gostava de vestir”, relembra. Hoje, formada em administração e pós-graduada em marketing e comunicação, a pernambucana é responsável pelo Instagram “Mania de Olhar”, que nasceu de um antigo blog – lançado há cinco anos – homônimo alimentado por ela.
Com mais de 40 mil seguidores, o Instagram, criado em 2014, reúne dicas de moda e maquiagem, prioritariamente de produtos oriundos do Polo de Confecções do Agreste. Em suas postagens, Mari apresenta peças fabricadas por marcas da região; ela atende dezenas de clientes por meio de contrato ou em serviços pontuais. “Hoje a gente ganha pela quantidade à disposição que temos para trabalhar. O valor das postagens depende da quantidade de seguidores e engajamentos da conta. Os valores por trabalho variam de R$ 150 a R$ 400 por ação. Não chego a uma loja induzindo o que comprar. Mostro o que tem na loja e vou montando um look. É uma grande conversa com os clientes”, explica Mari França.
O trabalho com comunicação digital, no entanto, nem sempre foi bem visto na região. De acordo com a influenciadora, os empresários não apostavam na ferramenta como uma estratégia de divulgação dos seus produtos, porém, com o crescimento das redes sociais, o cenário foi sendo modificado.
“Hoje eu só trabalho com mídias sociais de algumas empresas da região, com o blog e Instagram. Infelizmente, aqui em Santa Cruz do Capibaribe a profissão ainda não tem o valor que deveria ter. Demorei a emplacar, pois no início eu fazia por hobby porque ninguém sabia o que era, achavam que se tratava de uma profissão fútil. E para trabalharmos isso foi bem complicado. Precisei mostrar para as pessoas que era importante”, conta Mari.
“Quando surgiu o Instagram, as pessoas ainda não o conheciam e a questão das redes sociais ainda era pequena. Ainda hoje, muitas empresas do Polo de Confecções não estão nas redes sociais. As pessoas ainda são muito informais e às vezes não têm o interesse de aprender e acabam não levando isso para o mercado. Explico ao pessoal a importância de ter o Instagram e trabalhar imagens legais”, acrescenta a influenciadora.
Mari França divulga as marcas em suas redes sociais
Segundo Mari, a grande maioria das suas postagens é direcionada ao público feminino. Ao acompanhar de perto as peças produzidas no Agreste, a influenciadora identificou uma mudança clara no processo de produção que deixou de priorizar a quantidade e investiu na qualidade. “Hoje está muito fácil trabalhar porque as empresas estão investindo em qualidade. Antes, as pessoas fabricavam em volume e não se preocupavam com os detalhes. Isso mudou, os fabricantes estão se preocupando com a modelagem, peças e acabamentos diferenciados. Hoje, quem fabrica, usa suas peças”, opina a influenciadora digital.
“Não sou irmã de Mari”, diz em tom descontraído a publicitária Bruna França, de 26 anos, mais uma das influenciadoras digitais atuantes no Polo de Confecções. Carrega o mesmo sobrenome de Mari, além do talento da comunicação digital. Nascida em Santa Cruz do Capibaribe, Bruna sempre trabalhou em atividades ligadas à moda no segmento de marketing. “Comecei dando assessoria a uma empresa de moda infantil aqui de Santa Cruz”, conta.
Desde 2014, Bruna se divide entre promover o marketing de empresas da região e o seu trabalho no Instagram iniciado há um ano. “Por eu trabalhar muito com marketing, me envolvia bastante com pesquisas e por isso comecei a compartilhar com meus seguidores. Trabalho bastante com dicas de moda e composição de looks. As pessoas foram gostando, surgiram mais seguidores e eu fui profissionalizando o negócio”, explica.
A digital influenciadora afirma que o trabalho exige pesquisa contínua que resulta em uma adaptação ao mercado local. Bruna investiga os produtos e as tendências do setor de moda além das fronteiras do Agreste e procura adequar suas conclusões ao cenário regional. “Sempre busco informações nacionais e internacionais do mundo da moda. Procuro dicas de grandes blogueiras que propagam informações; é como se fosse uma cadeia, você pega a informação de um lugar e traz para o seu público. Hoje, uma grande dificuldade que as pessoas têm é como aplicar a tendência a sua realidade. E o que faço é pegar as tendências e transformá-las para a realidade de Santa Cruz do Capibaribe”, detalha.
Bruna França busca experiências internacionais para aplicar em Santa Cruz do Capibaribe. Foto: Reprodução/Instagram/Bruna França
Assim como Mari, Bruna possui contratos firmados com algumas empresas de Santa Cruz do Capibaribe para divulgação de suas peças. Ela explica, no áudio a seguir, como são firmadas as parcerias entre as influenciadoras da região e os empreendedores:
Para Bruna, apesar dos avanços na região no que diz respeito à comunicação digital das empresas, ainda existe uma parcela grande de marcas que não valorizam a divulgação dos seus produtos e imagem na internet. “Ainda precisamos nos informar cada vez mais sobre a força que o digital vem tendo na comunicação com os clientes. Nós não desprezamos os meios tradicionais de divulgação, como outdoors, rádio e revista, eles não estão em desuso, mas hoje as pessoas estão com uma presença mais forte na internet, porque ela mudou a relação do público com a marca e alterou a forma de consumir o produto. Hoje, o cliente, antes de qualquer coisa, vai no Instagram pesquisar sobre as marcas. Acho que os empresários precisam buscar mais informações sobre esse mercado digital”, opina.
Mais capacitação digital
O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Cruz do Capibaribe, Bruno Bezerra, reconhece que muitos empresários da região ainda não inseriram suas marcas de maneira integral nas redes sociais. A estratégia da entidade é reunir profissionais de marketing digital para que eles possam promover cursos de qualificação para os empreendedores do Agreste pernambucano.
“Precisamos capacitar profissionais para fazer essa transformação digital acontecer da melhor forma possível. A gente vê exemplos que mostram que cada vez mais o número de vendas via plataformas digitais vem crescendo, principalmente no âmbito do Moda Center Santa Cruz. Já não basta você produzir uma roupa de qualidade, precisa também produzir um conteúdo de qualidade nos meios digitais, porque de alguma forma, a decisão de compra ou de venda vai passar pelas redes sociais. E 2019 será um ano chave para isso”, aponta Bezerra.
Na visão do presidente da CDL, no Polo de Confecções, o cenário digital para o comércio passou a exigir o incremento de novos profissionais na região, a exemplo de fotógrafos e gestores de mídias sociais. De acordo com Bezerra, como medida mais urgente, a CDL disponibiliza em sua sede na cidade de Santa Cruz do Capibaribe um estúdio para que as marcas associadas possam fazer imagens em alta qualidade de seus produtos e posteriormente divulgá-los nas redes sociais.
Levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aponta que o comércio eletrônico chegou a 600 mil lojas em 2017. Em mais um recorte, o Sebrae comprova a necessidade de as empresas atuarem no universo digital: 72% dos pequenos negócios utilizam o WhatsApp para se comunicar com os clientes. Hoje, 27% das micro e pequenas empresas possuem perfis nas redes sociais.
Apaixonado por moda e pela comunicação digital
O publicitário Rodolfo Alves, 29, natural de Santa Cruz do Capibaribe, apostou em uma plataforma diferente das convencionais da região para unir comunicação e moda de maneira interativa. Na internet, a maioria dos sites noticiosos trazia fatos políticos e policiais. Não existia, até então, portais que abordassem o próprio motor econômico local: o Polo de Confecções.
Partindo da ideia de que poderia escrever sobre moda e acerca da atuação das marcas da região, Rodolfo lançou, em 2015, o blog ‘Box Fashion’. Na época, ele precisou se dividir entre a gestão de marketing que fazia em uma agência e as postagens no seu novo projeto. “O nome do blog remete aos boxes de feira. Antes, quando a feira era realizada no meio da rua, existiam os bancos de feira e depois que foi criado o Moda Center Santa Cruz, os bancos se transformaram em boxes”, relembra o comunicador.
Rodolfo Alves analisa a atuação das marcas do Polo nas redes sociais. Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Notícias que trazem as tendências de moda da região, anúncio de novas coleções e inauguração de lojas, além da divulgação de grandes eventos realizados nas localidades. Essas são algumas das produções encontradas na plataforma que, segundo o próprio Rodolfo, não “se paga”, mas serve como vitrine para que ele apresente seu trabalho e a relevância da comunicação digital aos empreendedores do polo.
Em uma de suas análises, o publicitário pesquisou as marcas da região com mais seguidores no Facebook e no Instagram. “O primeiro ponto da pesquisa é focado na quantidade de seguidores e atualização de conteúdo. A gente não fez essa pesquisa considerando a qualidade das postagens ou a relação disso com as peças e comunicação”, esclarece. Confira os dados:
O publicitário acredita que já existem avanços significativos entre os empreendedores do Polo de Confecções do Agreste no quesito da comunicação digital. No entanto, Alves entende que as empresas ainda pecam no processo da identidade. “Penso que existe um processo de profissionalização. A gente está caminhando e melhorando cada vez mais. Temos um número de fotógrafos significativo, o mercado de modelo está em formação, na produção temos novos profissionais de design e administração que estão transformando essas empresas que antes, historicamente, não tinham um aporte técnico e científico para manobrar suas estratégias de negócio. O que precisa ser melhorado é em relação ao discurso estético e ao apelo criativo, porque ainda somos reféns da informação de moda que as grandes marcas e a grande mídia passam. É necessário realizar um trabalho de construção de identidade das marcas”, opina.
A feira vira passarela
Modelos da região misturam beleza e moda para dar visibilidade aos produtos dos empreendedores locais
O brilho elegante do sol sobre clientes e trabalhadores faz da estrutura do Moda Center Santa Cruz um verdadeiro “oásis”. O sombreado do gigante centro atacadista abriga uma intensa multidão que respira moda e transpira em decorrência do calor na quente cidade de Santa Cruz do Capibaribe. Do amplo estacionamento com espaço para 6 mil veículos, as pessoas seguem em direção ao robusto comércio onde se aliviam da forte temperatura e esquentam a economia da região, comprando ou comercializando peças no atacado ou varejo. É a moda, em todos os seus mais variados estilos, que dita a atmosfera local e que fomenta os negócios de 10 mil pontos comerciais, resultando em 150 mil empregos diretos.
“Olha o pesado!”, grita um trabalhador que carrega uma carroça lotada de mercadorias, na tentativa de abrir espaço entre a multidão que visita os boxes e lojas do centro de compras. Em meio a um mar de consumidores, exatamente 150 mil pessoas nos períodos de alta temporada, eles conduzem roupas e acessórios até os atacadistas que não conseguem segurar as próprias sacolas devido à grande quantidade de roupas adquiridas. Entre o vai e vem do público, o colorido das estampas e as luzes que abrilhantam as vitrines das lojas, a moda novamente comprova que esse é, definitivamente, o seu lugar. Sorrisos largos e simpáticos, maquiagens milimetricamente bem feitas e roupas que encaixam no corpo com perfeição são características dos modelos do Agreste, que esbanjam talento e expressam conceitos e estilos dos empresas de confecção da região.
Andresa Alves é uma das modelos atuantes no Moda Center Santa Cruz
Diferente das passarelas mais requintadas dos grandes eventos mundiais de moda, no centro atacadista de Santa Cruz do Capibaribe o desfile acontece entre o povo. O que deixa a modelagem ainda mais bela e impetrada na atmosfera característica do espaço de compras. Não há cordas, correntes, camarins ou qualquer outra estrutura que separe os modelos do público. Aliás, é para o público que os meninos e garotas se desdobram de pé, em postura admirável, ou em passos elegantes, para demonstrar todo o luxo, material e principalmente social, que a moda de qualidade pode proporcionar. Os modelos são contratados pelas marcas do Moda Center Santa Cruz para exibir suas peças e acessórios que podem ir parar nos guarda roupas dos clientes – muitos deles, inclusive, se imaginam nas vestes no mesmo estilo dos modelos -.
Como forma de valorizar as peças produzidas no Agreste e reconhecer os jovens da região, praticamente todos os modelos do Moda Center Santa Cruz residem nas cidades que formam o Polo de Confecções. A proposta é das próprias marcas e, pela resposta positiva da clientela, tem surtido efeito e fortalecido um mercado promissor. Existem dezenas de modelos trabalhando às segundas e terças-feiras, nos 120 mil metros quadrados do centro atacadista, seja em frente às lojas ou caminhando entre os corredores do comércio. Aos 26 anos, Andresa Alves, moradora de Santa Cruz do Capibaribe, desfruta da profissão de modelo, mas confessa que, antes de atuar na área, não se via na carreira.
“Comecei a trabalhar como modelo aos 16 anos, uma idade até velha para esta profissão. Iniciei a partir de um concurso que apareceu na cidade chamado ‘Vitrine’ e depois dele começaram a surgir outros trabalhos no município. Antes disso, as pessoas perguntavam se eu queria ser modelo porque tinha jeito, mas nunca quis fazer até então”, recorda a jovem aos sorrisos, sem deixar de lado a postura corporal característica da profissão.
Andresa reitera que o trabalho no Moda Center é diferente dos eventos badalados Brasil afora, mas, segundo a jovem, a atuação durante a feira é valiosa e atrai oportunidades para os profissionais da região. “O trabalho no Moda Center eu acredito que abre muitas oportunidades para a gente. Independente se os trabalhos são feitos aqui ou na capital, sempre estamos sendo vistos. Acho muito importante para a nossa visibilidade nessa área, que com certeza é grande, desde showroom que fazemos nas lojas, onde o cliente vê a peça vestida e isso agrega valor, até os desfiles que fazemos fora da cidade. O primeiro contato com o cliente deve ser o sorriso, porque a simpatia atrai o consumidor”, relata Andresa, que trabalha no Moda Center de cinco a dez horas. Ela estima que, atuando nas ações da feira de Santa Cruz do Capibaribe e no Parque das Feiras em Toritama, fatura de R$ 800 a R$ 1 mil mensais.
Uma das modelos mais jovens do Moda Center Santa Cruz é Vitória Queirós Onorato, de apenas 17 anos. Quatro anos atrás, ela ingressou na profissão a convite de uma amiga e até hoje investe na carreira. Apesar da idade, a garota, natural do próprio município de Santa Cruz do Capibaribe, demonstra disposição para exibir durante horas as peças das principais marcas de roupa do centro de compras. “A loja que chamar nós vamos trabalhar. Todos os dias de feira estamos aqui. São duas horas de produção, envolvendo maquiagem e cabelo, antes de vir para o Moda Center. Vestimos as roupas, o pessoal faz fotos”, descreve a modelo.
“É um trabalho bom, divertido e que realça a nossa beleza. Ver que as pessoas estão gostando é melhor ainda. Elas chegam aqui, nos elogiam, e isso é muito legal, porque percebemos que o nosso trabalho está sendo visto”, reforça Vitória.
Mirani Torres da Silva, 20 anos, não sonhava em ser modelo. Tudo começou sem pretensão, desde que uma amiga, dona de uma das lojas do Moda Center, a convidou para vestir e exibir as peças de roupas do empreendimento. Há cinco anos, Mirani participou do primeiro trabalho com sucesso e passou a receber convites de outras marcas para trabalhar nos dias de feira. Orgulhosa da profissão, a jovem acredita que o trabalho dos modelos do Agreste tem seu valor tanto quanto os eventos glamourosos que promovem os desfiles tracionais. “Não acho que exista diferença, porque aqui a feira demonstra muito do nosso trabalho, mesmo a gente exibindo apenas as peças das marcas locais”, opina.
Moda masculina também é representada
As maquiagens e os batons em tons charmosos não imperam sozinhos na feira pernambucana. O centro de compras também reserva espaço para os garotos que expõem as peças de moda masculina e, assim como as jovens, buscam destaque em meio à multidão para atrair a atenção dos clientes.
Alan Muniz, 28, é mais do que modelo. Em menos de uma hora de trabalho no Moda Center Santa Cruz, ele atuou como uma espécie de locutor na divulgação de uma das lojas do espaço comercial, além de panfletar e vestir as peças das lojas contratantes. Há 12 anos, o rapaz, nascido na própria cidade, foi descoberto por uma das agências da região. Desde então, Alan encantou-se pelo universo da moda, principalmente por tudo que é produzido no Polo de Confecções do Agreste.
Além de modelo, Alan Muniz trabalha com a divulgação de roupas produzidas no Polo de Confecções do Agreste
De acordo com Alan, o trabalho realizado no Moda Center Santa Cruz é diferente dos desfiles tradicionais, mas não tira o mérito dos modelos locais; pelo contrário, realça o talento de garotos e garotas da região. “Nós estamos acostumados com a passarela e a exposição do modelo por meio dos eventos de moda. Aqui, no entanto, funciona de uma forma diferente. O modelo é visto através de um trabalho chamado showroom, em que o modelo vai provando as roupas e os clientes vão olhando as peças e pedindo as preferências, principalmente as que os modelos estão vestindo”, explica Muniz.
O trabalho não se resume a vestir as roupas das marcas da região. Para Alan, é algo que vai além, uma ação estratégica comercial que incentiva as vendas no centro atacadista. “Quando a gente diz que a propaganda é a alma do negócio, funciona mais ou menos assim: quando vestimos uma roupa da loja, a referência costuma a acabar em uma velocidade recorde. Então, nós vamos mudando de peças, porque todas as vezes que vestimos uma roupa, o cliente visualiza como ele vestirá e acaba comprando”, revela o modelo.
Alan trabalha em torno de cinco horas por dia de feira, tanto em Santa Cruz do Capibaribe quanto em Toritama. Segundo o jovem, a depender do nível do profissional, o faturamento mensal, somando os dias de feiras, pode chegar a R$ 2 mil.
Olhares atentos aos talentos
A experiência faz de Danilo Nunes, 37, um dos principais donos de agências de modelos do Agreste de Pernambuco. São 18 anos de um trabalho que exige olhos aguçados em prol da beleza e de todas as tendências que surgem no mesmo compasso de evolução da moda da região. No Moda Center Santa Cruz, as marcas não abrem mão de contratar o serviço dos modelos por intermédio da empresa de Danilo, no entanto, segundo ele, nem sempre é possível atender a todas das lojas do centro atacadista devido à forte demanda.
Entre os profissionais que compõem o Polo de Confecções, a empresa que inaugura suas vendas sem a realização de um desfile ou showroom não dá o pontapé oficial. De acordo com Danilo, é tradição realizar ações com os modelos da região para, a princípio, fortalecer a marca, e consequentemente atrair consumidores.
“Em uma semana de grandes compras, por exemplo, não consigo atender todos os clientes. E isso me deixa muito triste, porque meu book ainda não tem uma quantidade de modelos para atender as empresas na época de alta temporada, como os meses de maio e junho, além de novembro e dezembro. Todo mundo quer o serviço! Existem os clientes que trabalho todas as épocas e há os clientes que pedem nas épocas de pique. A grande maioria pede showroom”, conta o empresário. A agência de Danilo possui cerca de 40 modelos, entre infantis e jovens. Para encontrar os modelos, Danilo conta com o trabalho de dois olheiros que, ao circularem por Santa Cruz do Capibaribe, tentam identificar jovens que se encaixam no perfil da profissão. Além disso, antes dos desfiles na feira ou showroom, os colaboradores da agência contam com um serviço de maquiagem e produção, no entanto, de acordo com o próprio Danilo, a beleza não é único aspecto que faz de um modelo um profissional de valor.
Danilo Alves busca talentos pelas cidades do Agreste de Pernambuco
“Para mim, é uma satisfação quando vejo o retorno do cliente. É impressionante que, às vezes, o produto não está tendo uma venda boa, e a partir do momento em que um modelo veste, o resultado melhora de forma impressionante. Brigo muito pelos modelos de Santa Cruz, temos muitos jovens bonitos. Pego muito no pé deles, cobro em todos os aspectos. Não é ser só bonito, tem que ser simpático, vestir e vender o produto. Todos eles sabem o valor dos produtos que estão usando, porque os clientes sempre perguntam. Eles são uma vitrine, chamam a atenção dos clientes”, explica Danilo.
O empresário explica que os preços do serviço variam a depender da ação pretendida pelas marcas. No áudio a seguir, Danilo explica o trabalho e exalta o poder que a moda exerce sobre a população de Santa Cruz do Capibaribe e dos demais municípios do Polo de Confecções de Pernambuco:
Segundo a empresária Juciara Pereira de Lima, dona de uma das lojas da marca Pietá, do Moda Center Santa Cruz, a presença dos modelos desperta a atenção dos clientes. O investimento no serviço, no final das contas, instiga lucro no fechamento das vendas. “Creio que o cliente, ao ver as modelos vestidas e que a modelagem das roupas cai bem, valoriza ainda mais a nossa peça. É uma influência, nós vemos os modelos produzidos e belos, achamos que podemos ficar ainda mais bonitos”, conta Juciara.
Assim como o charme das modelos que enche o centro atacadista de beleza e simpatia, o visual da loja de Juciara expressa o sucesso do empreendimento. No vocabulário dela e de outros empreendedores da região, a palavra crise não teve efeito, apesar das quedas nos números de outros setores da economia brasileira. “É um diferencial importante, por exemplo, trazer as modelos para expor as peças aos nossos clientes. Sempre procuramos inovar, porque a palavra crise nos tira da zona de conforto. Como nós investimos em um produto de qualidade, posso dizer que, para a minha empresa, a palavra crise não chegou. E contar com o trabalho das modelos com certeza ajuda bastante”, conclui a empresária.